segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Um novo MMORPG? Mais um novo mundo lindo, fantástico e sem criatividade...




   Você, jogador assíduo de MMORPG’s, acompanhe a sequência de ações a seguir e me diga se acha familiar:
   Você faz o download de um arquivo (que varia entre 20Mb e 20Gb), executa o instalador e faz a instalação “completa” do jogo no seu HD. Após isso aquele novo, colorido e destacado ícone aparecerá no seu desktop. Ao clicar no ícone, ansioso para logar sua conta previamente criada no site do jogo e posteriormente confirmada no seu e-mail, você descobre que ainda tem mais 1/3 do peso do jogo em atualizações. Sim, você já começou a se foder mal.

Dragon Nest

   Logo após essa longa e agonizante espera você finalmente acredita que pode conhecer esse novo mundo inexplorado e tenta logar-se no jogo [nem sempre consegue logo na primeira]. Feito isso, lá está uma sala/forte/cabana/floresta/etc sem ninguém, apenas com a opção “Create Character” ou “New Character”, entre outros. Ao clicar geralmente você se depara com uma dezena de opções personalizáveis para o seu personagem, como o nome, roupa, tamanho, cabelo, orelha, olhos, boca, bigode, entre outros. Alguns oferecem uma inacreditável quantia de opções personalizáveis, tantas que raramente você consegue ter paciência para editar uma a uma. Bons exemplos disso são o Champions Online e DC Universe Online.

Champions Online

  Durante toda essa etapa de personalização o jogador geralmente escolhe qual raça/reino/guilda/gangue/etc vai defender, essa escolha influencia nos mais diversos aspectos, dependendo do jogo. Geralmente cada raça/reino/guilda/gangue/etc possui uma cidade principal, cidade essa onde o personagem do jogador vai começar.
   Outra escolha importante durante a personalização é a classe do seu personagem, o nome da classe geralmente ou não muda [ou não] de jogo para jogo, possuindo os mais curiosos nomes, porém no geral as mais clichês e sempre presentes são guerreiro, mago, arqueiro e clérigo [classes essas que geralmente evoluem para duas classes diferentes cada, em uma quest que você fará aproximadamente no nível 20]

MU Online

   Você começa o jogo aparecendo em uma cidade, geralmente lotada [ou não], onde você precisa falar com algum NPC para que o mesmo te dê sua primeira missão. Um fato importante é que nessa cidade é onde fica o mestre da sua classe, aquele que pode te ensinar as habilidades quando você alcançar os níveis necessários.
   Você anda alguns minutos e encontra esse tal NPC, geralmente ele está envolto de personagens parecidos com o seu que na verdade também são esperançosos jogadores novatos que também acreditam que esse jogo “será diferente”. Sua primeira missão geralmente está atribuída a matar uma dezena de inimigos específicos, voltar para o NPC e pegar seu prêmio, com raras exceções. 
   Depois da concluída sua primeira missão você descobre que há mais dois ou três NPC’s que também podem te oferecer prêmios em troca de uma pequena chacina, você vai fazendo as missões, evoluindo, comprando melhores equipamentos, aprendendo novas habilidades, até que finalmente se cansa de tudo aquilo, desinstala o jogo e dá um Shift+Del no instalador e sai a caça de outro MMORPG que “será diferente”.

Ragnarok

   Eu particularmente perdi a noção de quantas vezes já passei por todo esse processo e posso enumerar nos dedos de uma só mão os que fogem dessa sequência.
   Para esclarecer, o acontecimento que me motivou a escrever esse artigo foi o advento anúncio do esperado The Elder Scrolls Online, que pra quem não sabe não seguirá a mecânica do mais que bem sucedido Skyrim e se adaptará aos jogadores de MMORPG tradicionais, usando segundo a própria ZeniMax (produtora responsável pelo jogo), uma fórmula parecida com a do World of Warcraft. Ou seja, existe a real possibilidade de The Elder Scrolls Online seguir a linha de acontecimentos que é citada no começo do artigo, fazendo de um jogo que carrega um nome muito conceituado que tinha tudo para dar certo apenas mais um MMORPG no meio de centenas.
   Eu já joguei muitos MMORPG’s e meu primeiro foi o Ragnarok, na verdade não o global mas um servidor privado de uma Lan House, no entanto não cheguei muito longe, o primeiro que eu realmente peguei um nível considerável foi o MU Online [um dos primórdios e mais jogados MMO’s], isso claro, já faz cerca oito anos. Desde então muita coisa mudou e a tecnologia evoluiu, os gráficos estão muito melhores, os jogos são imensos com milhares de mapas a serem explorados, agora você pode voar, usar montarias, casar-se e até comprar uma casa, porém o método de evolução ainda é o mesmo !

Jade Dinasty

   Para entendermos melhor, voltemos ao MU Online. O sistema de batalhas era simples, se você clicasse no inimigo com o botão esquerdo do mouse o personagem atacava com sua arma, se clicasse com o botão direito ele usava uma habilidade que era previamente selecionada entre os botões de 0 a 9 do teclado. O botão Q era responsável por usar a poção de Life, W pela poção de Mana e E pela poção de Stamina.
   Resumindo, em uma batalha seu trabalho era ficar clicando no inimigo, de olho na sua vida e na sua mana, e quando alguma das duas estivesse acabando você devia usar a poção para restaurá-la. Não existia nenhum método de esquiva, enquanto você atacava também era atacado e vencia aquele que aguentasse mais tempo. Agora eu proponho um desafio aos fãs do gênero que acreditam que o mundo dos MMO’s está em constante evolução: digam-me dez MMO’s que fogem totalmente a essa método. Valendo ! Tic, tac, tic, tac... Difícil não é ? 

AION

   Na época essa parada de clicar no monstro até ele morrer era divertida e ninguém reclamava, mas poxa, já se passaram mais de oito anos e 90% dos jogos seguem esta mesma linha, já está na hora de algo diferente de “bater/tomar cuidado para não morrer” não acham ?
   Não estou generalizando e sei que existem jogos com sistemas de batalha muito criativos e originais, como Vindictus, All Points Bulletin, Dragon Nest e o já finado Divine Souls, todos MMO’s onde a habilidade do jogador vale mais do que suas armas e armaduras, onde para ser o melhor é preciso se treinar e se esforçar, não basta comprar a melhor arma e ficar clicando nos inimigos. Porém infelizmente jogos como esses são bem pouco reconhecidos. Enquanto isso as produtoras nos bombardeiam de lançamentos fantásticos, repletos de “mais do mesmo”. Até quando ?

Vindictus


Nota: Esse artigo não tem o intuito de difamar nenhum MMORPG em específico, sei que se os MMO’s ainda estão no ar é porque existem pessoas que os jogam e que o fazem porque gostam. Esse artigo é sim contra a falta de criatividade, o excesso de “mais do mesmo”, a quantidade exagerada x qualidade limitada. Chega, está na hora das desenvolvedoras colocarem a cabeça para funcionar e criarem algo realmente original e criativo, algo que fuja totalmente dos padrões, algo que realmente “será diferente”.

All Points Bulletin

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